Psicologia da educação - prática de ensino
Guto Maia*
10/09/20 - Boa noite a todos! (Read in English)
Respondendo às perguntas propostas pela prof. Jessica, gostaria de apresentar algumas considerações a partir da leitura dos textos da plataforma AVA Uni9, associado a convicções pessoais baseadas na experiência da prática docente de ensino adaptado. Espero contribuir nas discussões do fórum propondo uma reflexão sobre o futuro da educação, onde a maioria dos conceitos serão reformulados e construídos para a nova década que se inicia com tantas incertezas.
Estamos no marco zero de uma nova era, onde devido a uma convulsão sanitária mundial, as perguntas tornaram-se mais numerosas que as respostas, invertendo a tendência de até então, onde o Google nos dava milhares de respostas convincentes para qualquer questão.
As coisas se inverteram e teremos que nos reinventar como indivíduos e como sociedade, a partir de 2021.
a) Contribuição da Psicologia para a Educação
A principal contribuição da Psicologia à educação é o mapeamento rigoroso das funções mentais que regem o comportamento cognitivo, intelectivo, social, emocional e afetivo do indivíduo, nas diferentes fases do crescimento e da sua vida adulta em relação ao aprendizado.
Esse mapeamento torna-se uma importante ferramenta como auxiliar do educador para traçar estratégias de ensino adequadas às circunstâncias socioculturais dos seus alunos, atendendo à linha ideológica da entidade à qual está subordinado, respeitando as suas próprias competências, com resultados positivos para todos.
O aspecto prático mais visível da contribuição da psicologia: colaborar na eficiência das escolhas didáticas em sala de aula direcionadas a cada faixa etária.
Num terreno mais amplo, a Psicologia através das várias correntes teóricas de seus pensadores, dá suporte ao docente na própria expectativa pessoal e profissional, diante da pressão de uma atividade onde nem sempre o progresso e os objetivos didáticos são alcançados.
A Psicologia torna-se ainda mais fundamental na instrumentalização do professor de ensino adaptado para pessoas com dificuldades de aprendizagem. Ele conviverá com a frustração do baixo aproveitamento dos alunos. Isso gera ansiedade e questionamentos das próprias competências do docente. Nesse sentido, o fortalecimento psicológico do educador será fundamental para que ele não desista.
No mais, a Psicologia pode ser aplicada em todos os momentos de todas relações do indivíduo com o aprendizado.
Ela nos ajuda sobretudo a conviver com as diferenças.
Na história da Psicologia, além dos teóricos do universo escolar, várias correntes foram importantes na diversificação das abordagens das quais o professor pode-se valer como referências. Especialmente, educadores ligados ao ensino adaptado de pessoas com transtornos de aprendizado.
Essa especialização será cada vez mais necessária na educação formal de pessoas com deficiências, vulneráveis e idosos, que participarão cada vez mais dos vários níveis da vida acadêmica.
b) Algumas características básicas dessas teorias
Psicanálise: Desenvolvida e criada por Freud, essa teoria busca descrever as causas dos transtornos mentais, o desenvolvimento humano, sua personalidade e motivações;
Psicologia Analítica de Jung ou Análise Junguiana: Nessa vertente, Jung discorda de algumas teorias de Freud. Aqui, o objeto de estudo principal são os sonhos e o terapeuta busca manter a conversa sempre em torno dos problemas que o levaram até ali.
Behaviorismo ou Analítico Comportamental: Como o próprio nome diz, quem utiliza essa linha, irá trabalhar diretamente no comportamento das pessoas.
Humanismo: Essa vertente se baseia na aceitação, no conceito de que só conseguimos mudar quando assumimos a nós mesmos que existe um problema que precisa ser tratado. Uma frase do humanista Carl Rogers define bem esse método: “O paradoxo curioso é que quando eu me aceito como eu sou, então eu mudo “.
Psicoterapia Corporal ou Reich: Para ele, apenas sentar e falar sobre seus problemas não parecia ser a melhor solução para resolvê-los. Sendo assim, discordando de alguns estudiosos iniciou a psicoterapia corporal.
Cognitivo-Comportamental ou TCC: Quem trabalha com essa abordagem terá o seu foco voltado para mudar pensamentos disfuncionais, ou seja, aqueles que nos fazem “perder a fé” em nós mesmos, como o típico “eu nunca vou conseguir fazer isso” ou “eu não faço nada direito”.
Gestalt-terapia: Essa abordagem surgiu entre os anos 50 e 60. Sua teoria veio com uma visão mais integrada, colocando em foco mente e corpo como uma unidade, sem cisão. Tem uma visão holística de homem e de mundo, onde um afeta o outro. Acredita que o sentir, o pensar e o agir precisam estar em sintonia e serem respeitados para que haja saúde.
Fonte: https://blog.unis.edu.br/saiba-tudo-sobre-as-principais-abordagens-da-psicologia Acesso em 05/09/2020
c) Considerações complementares
Alguns aspectos onde o conhecimento da Psicologia apresenta-se como um suporte fundamental para os professores do ensino adaptado:
- Constituir uma válvula de regulagem para si e para os alunos, no controle da pressão emocional diante da frustração pela fraca absorção de conteúdo pelos educandos;
- Baixar as expectativas sobre alunos, pais, instituições empregadoras e sistema de educação como um todo no que se refere ao ensino inclusivo no Brasil;
- Tecnologia, usos e costumes. Ter a consciência de que alunos podem ter maiores conhecimentos que o imaginado, graças ao acesso à tecnologia. Não adianta brigar com a tecnologia, mas sim, torná-la sua maior aliada. Para isso é necessário estudo profundo e continuado;
- Ajudar a jamais colocar-se na condição de “senhor do saber”, detentor do monopólio do conteúdo. Esse modelo de professor autoritário e prepotente ficou no passado;
- Conscientizar-se de que cada nova turma (a cada dia) é uma página em branco, e os avanços nem sempre serão cumulativos nem progressivos, havendo inúmeros retrocessos em diversas ocasiões;
- Assumir-se como exemplo para os alunos. Esse é o preço de alguém que se propõe formar novos cidadãos: é importante ter vida pública exemplar;
- Antecipar-se às expectativas dos alunos, conhecendo os principais padrões de perfis de educandos;
- Há mais um sem número de situações em que a Psicologia ajudará o professor a ter bons resultados, principalmente na preservação da própria saúde emocional.
d) Conclusão
Para o docente, Psicologia e Educação são inseparáveis no processo ensino-aprendizagem.
Convicção sobre a atribuição de educar:
“Que as minhas palavras sejam justas com os justos, resistam à hipocrisia dos hipócritas, sejam divertidas para as crianças, confiáveis para os adultos e sóbrias para os sábios.
Mas, cordiais com quem quer que seja, sobretudo. Sou professor”.
d) Sobre métodos
Podemos considerar que a necessidade cria o método que a perpetua, se este não permitir revisões e adaptações constantes às novas necessidades.
O método é sempre conservador e vem da necessidade de organizar a transmissão do conhecimento, para fazer avançar as teorias que suprem as necessidades imediatas de cada época.
Quando a necessidade é suprida ou surgem novas carências mais importantes, o método tem que ser revisto.
É o que está acontecendo no mundo e, particularmente, no Brasil, ante a necessidade da busca de novos caminhos para a Educação.
Como somos carentes há tempos de rumos confiáveis na Educação, é importante revisitarmos todas as teorias educacionais disponíveis na História, reavaliando-as e tentando readequá-las na busca por novos rumos diante dos desafios da próxima década.
e) Sobre Lev Semyonovich Vygotsky
Vygotsky considerava as relações sociais como as maiores influências para o desenvolvimento da educação do indivíduo, diferentemente de Piaget, que acreditava nos fatores psicogenéticos.
A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), tese vygotskyana, evidencia a convicção na interferência do ambiente social sobre a criança durante o processo de aprendizagem, como definidores da capacidade de aprendizado.
O papel do educador nesse processo é o de mediador, sempre atento às potencialidades individuais de cada aluno para obtenção do maior aproveitamento possível das capacidades. O interacionismo exige papel de liderança atuante, participativa e sensível aos limites das capacidades de cada aprendiz.
Vygotsky direcionou seus estudos para a criação de uma cultura do desenvolvimento intelectual baseada na influência do coletivo sobre o indivíduo, criando a corrente pedagógica de pensamento chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
A força das teorias vygotskyanas repercutem até hoje, fazendo com que esse psicólogo bielo-russo que morreu há mais de 70 anos (1896-1934), tenha até hoje sua obra em processo de descoberta e debate no mundo e no Brasil.
A atualização dos seus conceitos pode trazer grande contribuição à reconstrução da Educação pela qual passaremos na próxima década.
São Paulo, 11/09/2020
*Guto Maia - José Augusto Maia Baptista
RA 25100232 - Licenciatura Ciências Sociais
Campus Vergueiro EAD
@cienciassociais
PESQUISADORES RESPONSÁVEIS / FUNDADORES 1a. Escola do Pensamento Fora do Padrão Prof. Guto Maia (José Augusto Maia Baptista) (Linktree: https://linktr.ee/prof.gutomaia) ID Pesquisador ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5694-4460 Pedro Rosengarten Baptista (Linktree: https://linktr.ee/pedrorosengartenbaptista) ID Pesquisador ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3394-8634 Membros Comunidade de Talentos ONU |
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