Bem vindos!
Sim. Palavras são o meu principal instrumento de trabalho e paixão.
Conhecer pessoas que as usam como flechas certeiras na direção de objetivos definidos, me encanta.
Aprendo muito com quem vive esta busca infinita pela acepção de cada palavra.
A Primeira Faculdade a Gente Não Esquece
Guto Maia*
Aos 17 anos, prestei vestibular e entrei na primeira faculdade: Economia e Administração Dr. Clóvis Salgado (Brás Cubas), Mogi das Cruzes/SP.
Certamente, essas memórias mexerão com lembranças de muita gente, muitos amigos com quem convivo, e outros que infelizmente não estão mais conosco. Tudo naquele dia foi inusitado e tinha tudo para dar errado, mas algo aconteceu que me salvou, como tantas outras passagens na minha vida, que viraram experiências fantásticas.
Era o ano de 1970. Eu tinha feito o cursinho pré-vestibular Objetivo, na Avenida Paulista, em São Paulo, simultaneamente ao 3º ano do Curso Técnico em Administração de Empresas, no Colégio Paes Leme.
A Marcia*, uma amiga de clube, tinha passado no vestibular na primeira chamada, e me emprestou 6 apostilas do conteúdo. Como na época eu tinha muito boa memória, praticamente decorei todas as apostilas em menos de 2 meses.
Na noite da véspera do vestibular, uma sexta, sai para a balada (que na época chamava "agito") com amigos do Clube, com a intenção de dormir cedo, mas a coisa descambou e quando me dei conta já eram altas horas da madrugada.
Já considerava perder o exame, pois não conseguiria ir para casa e depois pegar o trem que me levaria para Mogi das Cruzes, onde fica a faculdade. Foi quando o Clovão, um cara grande e muito querido da turma, disse que me levaria no seu carro direto para fazer o vestibular em Mogi, assim que começasse a clarear. Iríamos direto da balada para o vestibular! Eu estava meio tonto e nem me dei conta da proposta. À época, a viagem para Mogi, levava mais de uma hora, e o exame começava às 7h30, no sábado. Se não me falha a memória, o Landinho também foi junto e mais outro amigo que não consigo lembrar quem era.
O Clovão tinha um fusca branco, rebaixado de escapamento aberto (!), com um ronco ensurdecedor.
Eu estava com uma dor de cabeça danada, e dormi na viagem mesmo com o barulho. Quando me acordaram na porta da faculdade (pensei que era a porta do inferno!), pensava em desistir. O que eu ia fazer lá dentro? Estava arrebentado. Minha cabeça latejava. Mas, os amigos, óbvio (!), não me deixaram desistir.
A muito custo, consegui entrar e procurar a sala. Eu não conseguia ficar de olhos abertos.
Meus amigos ficaram dormindo no carro. Quando chegou a prova com aquele monte de questões na minha frente, achei que iria desmaiar, imaginando as mais de quatro horas de exame que tinha pela frente.
Fiz a prova toda como um autômato, sem raciocínio lógico, e semi-inconsciente.
Mas, aconteceu um fenômeno que só fui confirmar ser verdade dias depois, ao voltar na faculdade para consultar a lista dos aprovados: o meu nome estava lá, entre os primeiros colocados!
O surpreendente vem daqueles mistérios da mente: como eu tinha decorado as apostilas, à medida que eu ia lendo os enunciados, as respostas iam-se completando automaticamente na sequência. As questões certas eram identificadas visualmente. E fui completando rapidamente tudo o que tinha certeza. Na prova de Matemática, a dificuldade foi maior, mas não errei muito, tive sorte em alguns chutes.
O fato é que fui aprovado, e nem meus amigos acreditaram. Fiquei muito grato a eles, óbvio.
Amigos realmente são boas ou más companhias. Depende de quem os avalia, e se é dia ou noite. Se estão indo ou vindo, rs.
Para mim, passaram a ser a minha família. Filho único, tive muitos amigos-irmãos pela vida afora. E, fiz vários em Mogi, que trouxe até hoje: Ricardo, Vanderlei, Guilherme. Íamos no trem dos estudantes, que era muito divertido.
Num dos trabalhos para a faculdade, no segundo semestre, fomos para o Rio, conhecer a Casa da Moeda e entrevistar o seu presidente: Luiz Edmundo de Mattos Pole. Também entrevistamos o Mario Henrique Simonsen, à época, presidente do MOBRAL, um programa governamental de alfabetização.
O trabalho (me lembrou o Vanderlei) foi considerado o melhor da faculdade até então. Saímos no jornal da cidade, demos aulas para outras turmas, foi um sucesso! Ele também lembrou, que fomos, ele e eu no Karmann-Ghia, azul e branco, do Guilherme. Ida e volta, hehe. O caro devia ter uns 30 centímetros de altura, rsrs. Aos 18 anos, isso foi possível. Hoje, teriam que cortar a lataria para saímos de um carro que era um pastel, depois de 7 horas de viagem!!
Foram cinco alunos que viajaram para o Rio: José Ricardo, Vanderlei, Guilherme, Maurício e eu. Ficamos na casa da tia do Maurício, o Ricardo foi com ele.
O trote naquela época já era violento em algumas faculdades, mas na Dr. Clovis Salgado era mais light, voltado para arrecadação de roupas e alimentos, ações não tão humilhantes como a cerimônia de entrega do “Diploma de Burro”, e a obrigatoriedade da participação no “Baile Deburrutante”, que aconteceu no dia 16 de abril de 1971, no Ginásio Municipal de Esportes de Suzano, com animação do Jongo Trio, Erlon José e Bill Ney. Bons músicos. (Alguém lembra deles?). Mais tarde, encontrei alguns deles. Os bailes eram muito animados.
O próximo foi com o Roberto Carlos, no Ginásio de Suzano, cidade pegada a Mogi!
Fico pensando em tanta gente que passou por nós e nem sabemos onde estão hoje.
Graças a estes grandes amigos que tive na vida, cada lembrança tornou-se uma grande aventura, que relembro como flashs, retratos, recortes e colagens atemporais. Amigos que influíram e continuam interferindo na minha vida como anjos da guarda, aparecendo nas horas mais necessárias.
Uma dessas amigas recentes, a Regina Ramalho, competente jornalista, comunicóloga e empreendedora, sugeriu que eu escrevesse essas memórias, mesmo absurdas, surrealistas e inacreditáveis. Minha intenção era fazê-lo a partir dos 80 anos, para evitar causar incômodos a tanta gente. Mas, com a pandemia, pude refletir melhor e juntar lembranças, e começar a organizá-las e disponibilizá-las.
Cada amigo que converso, tem algo a acrescentar. Serão inúmeros capítulos com histórias públicas e outras impublicáveis.
No mínimo, será um exercício divertido, que pode fazer muita gente também exercitar suas lembranças.
Com o tempo, tudo vai virando uma foto amarelada na memória, mas as sensações permanecem quase que intactas.
São os mistérios da mente.
Gestor educacional
*Relato do Beto: https://cutt.ly/qg6EIfI
*Link original no Facebook: https://cutt.ly/Wg6WlvZ
PESQUISADORES RESPONSÁVEIS / FUNDADORES 1a. Escola do Pensamento Fora do Padrão Prof. Guto Maia (José Augusto Maia Baptista) (Linktree: https://linktr.ee/prof.gutomaia) ID Pesquisador ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5694-4460 Pedro Rosengarten Baptista (Linktree: https://linktr.ee/pedrorosengartenbaptista) ID Pesquisador ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3394-8634 Membros Comunidade de Talentos ONU |
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